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O não merecimento e a doença

Um dos grandes obstáculos à qualquer cura ou aprimoramento é o não merecimento. Julgar-se não meritoso, consciente ou inconscientemente, cria uma resistência importante a qualquer tratamento. Como já explicado no texto Uma investigação do adoecer, somos seres integrais, ou seja, há conexão do nosso corpo com nossa mente e sentimentos. Acreditar na ideia do não mérito, é como uma “ordem” de impedimento ao próprio restabelecimento.


O autojulgamento de menor valia é tão importante que pode refletir, negativamente, em vários outros aspectos da própria vida, como: relacionamento, sucesso, saúde, prosperidade.


Como iniciar, então, uma auto-investigação? Fazer anotações e colocar na balança para definir a resposta? Não é bem assim. Saber se somos ou não meritosos é um sentimento e não um julgamento. Então sinta. Algo incomoda? Se sim, questione isso. Busque o motivo, onde pode ter surgido.



Citarei alguns motivos comuns que podem levar a essa ideia desnecessária de não merecimento:

1- Culpa x castigo

2- Karma

3- Erros passados



1- Essa conexão entre culpa e castigo é a mais comum e pode ter várias origens, mas as mais frequentes são: na religião e na infância.


Independente da crença religiosa de cada um, a qual devemos respeitar, há no inconsciente coletivo a ideia de um Deus castigador e punidor criado há milhares de anos para um controle das condutas sociais daquela época. Até hoje, essa ideia pode estar presente, mesmo que inconsciente. Então, diante de uma situação que foi ensinada como “errada”, o foco passa a ser a culpa, castigo e não mérito. Pensa-se que é necessário sofrer para reparar um suposto deslize. Esquece-se que Deus é amor, alegria, perdão e graça. Provavelmente, o castigo temido nunca chegará, mas a ideia é tão fixa que o automartírio e sofrimento já se inicia por uma auto-escolha e não pelo “Deus” que se acredita.



Na infância, o surgimento da ideia do não mérito vai depender de como familiares ou professores usaram a repreensão diante de algum erro. Não estou abordando aqui a forma de educar um filho, apenas explicitando como determinadas punições podem ecoar na vida adulta de qualquer um. A informação fica armazenada, mesmo que não se pense ou que já tenha “esquecido” dela.


É só observar como algumas pessoas reagem diante de um mínimo equívoco ou desacerto na vida. Há uma automartirização intensa, muitas vezes prolongada, levando até ao adoecer, devido a essa crença, mesmo inconsciente, que o erro é proibido e sinônimo de punição. Nesse caso, como ninguém pune mais, a autopunição pode ocorrer de diversificadas maneiras, para validar a ideia do castigo.


Grande parte dessas pessoas costumam ser extremamente exigentes e perfeccionistas.



2- A ideia do não merecimento, nessa vida, pode vir da ideia de um karma pretérito, ou seja, em uma outra vida aconteceu algo ruim e nessa vida há necessidade de pagar as dívidas, de alguma maneira, como por exemplo, através de uma doença. Tudo bem se há essa crença, o que não é prudente é colocar essa ideia como uma regra. Há infinitas possibilidades, nessa mesma vida, para o adoecer. Por que o karma deveria ser a escolha primária? Quando se acredita que merece passar pelo que está acontecendo devido à erros de outra vida, é necessário atenção para descobrir até que ponto toda essa elaboração tem fundamento ou é uma sabotagem para evitar a automelhora.



3- Muitos se detêm a erros passados e se julgam não terem agido de boa fé. Muitas vezes, essas memórias se perpetuam anos e anos e não são esquecidas. Há um tormento em cima de um passado não ressignificado. É bastante comum a lamentação: “devia ter feito isso ou aquilo”; “não podia ter agido daquela maneira”. O apego aos erros do passado é um obstáculo ao sentimento de merecimento, pois não há um entendimento de que naquele instante pretérito não existia sabedoria ou entendimento suficiente para uma atitude mais elevada.


Todos nós, sem exceção, cometemos equívocos durante nossa jornada evolutiva.

O autoperdão é um aliado que liberta desse apego ao passado e retira a carga, muitas vezes desnecessária, carregada. Se seguimos, insistindo em apegar-nos aos erros pretéritos, seremos eternos prisioneiros de nós mesmos. Todo o nosso presente e futuro estará limitado.



Resumindo, a crença no não merecimento bloqueia o progresso em qualquer âmbito de nossas vidas, por isso é importante avaliar se esse sentimento existe em cada um de nós.


Nem sempre a resposta será tão clara, em um primeiro momento, para quem nunca se perguntou a respeito desse assunto.



Vamos todos juntos ressignificar o não mérito para o mérito. Se estamos aqui, vivos, com diversas possibilidades de auto-aprimoramento, é porque somos todos meritosos.




Dra. Alice Antunes


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